Dissertação de mestrado – Isabella Jinkings

Reestruturação Produtiva e Emprego na Indústria Têxtil Catarinense

RESUMO

A década de 1990 é marcada por importantes mudanças na política econômica brasileira. A adoção de políticas de inspiração neoliberal, que implicam em uma indiscriminada abertura do mercado interno ao capital internacional, ocasiona graves conseqüências à indústria brasileira, com repercussão no processo produtivo das empresas. Um conjunto de inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais é adotado nos diversos ramos industriais, em resposta ao contexto de liberalização e desregulamentação da economia. Este estudo centra-se nas singularidades dessas inovações na indústria têxtil de Santa Catarina – onde se localizam as maiores empresas do setor – analisa o modo como elas repercutem no mercado de trabalho e nas condições de existência dos trabalhadores. Para viabilizar a análise, foram examinados os indicadores financeiros das empresas têxteis de maior porte ao longo da década e consultados seus documentos institucionais, além de textos e publicações acadêmicos e sindicais analisando as variadas dimensões das mudanças na indústria têxtil. Entrevistamos trabalhadores, dirigentes do movimento sindical e representantes do empresariado, cujas diferentes interpretações iluminaram aspectos diversos dessa realidade em transformação. Buscamos uma articulação analítica entre o trabalhador têxtil e o trabalho que realiza, a indústria têxtil catarinense e as políticas econômicas e sociais dos governos brasileiros nos anos 90. Um processo de precarização do emprego e de intensificação do trabalho resulta das medidas de modernização tecnológica e flexibilização produtiva adotadas. Enquanto muda o perfil do profissional têxtil e diminui a força de trabalho formalmente contratada, disseminam-se a terceirização e o trabalho a domicílio, como estratégias empresariais de redução de custos. Entre programas de qualidade total, remuneração variável, novas exigências de qualificação e a ameaça constante do desemprego e do subemprego, muitos trabalhadores sujeitam-se a jornadas extenuantes e à sobrecarga de tarefas. Nesse quadro, o sindicalismo têxtil desenvolve ações defensivas, que não conseguem impedir os efeitos da reestruturação produtiva, lesivos a tantos operários.

Palavras-chave: reestruturação produtiva, indústria têxtil, trabalhadores têxteis.