Dissertação de mestrado – Valcionir Corrêa

Apologia ao ócio: críticas à sociedade do trabalho

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo analisar a Sociedade do Trabalho a partir do conceito de ócio, observando os aspectos filosóficos, históricos, econômicos e sociológicos do trabalho. Trata-se de uma investigação que busca identificar semelhanças e antagonismos nos conceitos de ócio e de trabalho no pensamento ocidental, os quais, comparativamente, possibilitem uma crítica mais aprofundada da sociedade moderna. Assim, buscaram-se as apologias do ócio e os manifestos contra o trabalho que estão às margens das academias, movimentos político-sindicais e partidários, bem como reuniram-se vastas reflexões de vários pensadores sociais sobre o assunto. A sacralização do trabalho na modernidade tornou esta forma de produção quase eterna ao afastar análises que a questionassem ou que se posicionassem contrários aos seus princípios. Na etimologia dos conceitos de ócio e trabalho, constatou-se o antagonismo desde a sua origem. Com isso, foi possível perceber, a forte cultura do trabalho impregnada nas classes sociais, mais ainda na classe trabalhadora que não percebe que o trabalho é a forma de sujeição ao universo capitalista, e vê a tecnologia como um fenômeno rival, que desemprega as pessoas. Por isso, se posiciona contra ela, ignorando-a como elemento de análise política importante que substitui o trabalho humano. Porém, vários sociólogos apontam para uma sociedade onde o trabalho está perdendo a centralidade para outras formas do agir humano. Como exemplo disso, buscamos comprovar essa forte cultura do trabalho na classe trabalhadora, na ação particular de um sindicato que está em campanha, neste ano, que se posiciona contrariamente à introdução de novas tecnologias ao invés de transformá-las em benefício para seus filiados. Além de outros aspectos decorrentes dessa forma societal, a reivindicação de emprego, que se trata de reinserção das pessoas à exploração capitalista, por parte dos movimentos políticos de esquerda, centro e de direita é prova da crise da Sociedade do Trabalho que eles insistem em manter artificialmente vivo o trabalho já morto. A tecnologia, que deveria ser um meio de emancipação humana do jugo do trabalho, se transformou num meio político de dominação e manutenção do status quo. Da mesma forma, o avanço tecnológico não se traduz em progresso da humanidade, mas ao contrário, serve para a degradação de indivíduos, de povos e da natureza e a classe trabalhadora, que ora ao deus-trabalho, e não consegue viver sem o fatigoso trabalho reivindica mais emprego e não a distribuição da riqueza, bem como seus intelectuais, sindicatos e partidos, academias, pais e escolas contribuem para a perpetuação dessa forma de exploração sem perceber os benefícios da força social da ciência traduzida no aparato tecnológico.

Palavras-chave: Ócio, Trabalho, Tecnologia, Inovações tecnológicas, Desemprego, Cultura do Trabalho, Sociedade sem trabalho, Apologia do ócio, Manifesto contra o trabalho, Substituição do trabalho humano.