Dissertação de mestrado – Iñigo Pedrueza Carranza

Sociedade civil: novas liberdades ou novos controles sociais? O seu papel comparado nos processos de construção regional: Mercosul e União Européia

RESUMO

A origem deste estudo foi a necessidade de realizar uma crítica aos novos conceitos sociológicos surgidos de uma peculiar mas sucedida mistura, a da pós-modernidade relativista e individualizante e o (neo)liberalismo economicista. Nesse contexto, o surgimento dos novos movimentos sociais e do conceito de sociedade civil derivado deles, supõe uma das maiores mudanças no âmbito das Ciências Sociais. Economia liberal e antropologia ampliam os seus espaços, historia, sociologia e ciência política perdem-nos.
Os apelos à sociedade civil, à sua bondade, capacidade e influência são onipresentes, chegando desde quase todos os âmbitos sociais, desde o FMI até a comunidade de bairro. Junto à aceitação chegam as verbas em uma época de enxugamento orçamentário.
Se a sua influência fosse real, dever-se-ia esperar que os movimentos dessa sociedade civil, que nós chamaremos de sociedade civil restrita, tiveram atingido muitas das suas reivindicações, ou pelo menos uma boa parte delas. Ou tal vez, como acontece no neoliberalismo, tenhamos que esperar a aplicação maciça das políticas de ajuste, para esperar resultados consistentes.
Para avaliar as influencias, estudamos as reivindicações de diferentes esferas da sociedade civil, com relação aos novos blocos econômicos ou socio-econômicos (União Européia e Mercosul), mas propondo uma nova categoria de análise onde caibam todos os movimentos sociais e não apenas as ONGs. Gostaríamos de afastar do conceito toda idéia de normativismo, moralidade e de bondade inerente a ela, substituindo-a pela idéia de conflito interno, o que pode nos ajudar entender de uma maneira mais precisa este complexo âmbito.
No nosso estudo prático, analisamos a ambientalistas, feministas, ONGs, voluntários, mas também, a sindicatos, camponeses e empresários, com o que pode-se ter uma visão mais adequada da sociedade civil atual. Observando as políticas dos bloques regionais, dos Estados que os compõem, acabamos pensando, que a sociedade civil restrita, acerca-se mais à idéia de controle social do que à de liberdade.

Palavras-chave: pós-modernidade, (neo)liberalismo economicista, FMI, União Européia, Mercosul.