XXVI ANPUH – Simpósio Temático: Ditaduras de Segurança Nacional no Cone Sul

03/01/2011 15:38

037. Ditaduras de Segurança Nacional no Cone Sul
Coordenadores: ENRIQUE SERRA PADRÓS (Doutor(a) – UFRGS), GERSON WASEN FRAGA (Doutor(a) – Universidade Federal da Fronteira Sul)

Resumo:

Este ST abre espaço para pesquisas sobre o Brasil e o Cone Sul, relacionadas com as Ditaduras de Segurança Nacional das décadas de 1960 a 1980. Visa possibilitar a interação, o debate e a reflexão sobre tal problemática, incluindo aspectos vinculados aos antecedentes e às transições posteriores, colocando ênfase nas seguintes sub-unidades: a questão das fontes e dos arquivos repressivos; a atualização da produção historiográfica sobre as Ditaduras de Segurança Nacional; a fundamentação repressiva (Doutrina de Segurança Nacional, Doutrina Francesa, contra-insurgência, anticomunismo, etc.); a conexão repressiva (local-nacional, bilateral, Operação Condor, etc.); o debate teórico: História, passado recente, o papel da Testemunha e da Memória; efeitos traumáticos e os limites da representação do terror; debates pontuais: Direitos Humanos; leis de anistia; políticas de memória, de reparação e de Verdade e Justiça; análise das abordagens presentes no sistema escolar; a diversidade do olhar: cinematografia, literatura, psicologia, jornalismo, fotografia, etc. Uma perspectiva de conjunto sobre o Cone Sul, além de permitir preservar os traços singulares das experiências locais e nacionais, possibilita, também, perceber os elementos comuns, paralelos e, em diversos casos, conectados. O atual panorama político dos países do Cone Sul tem estimulado o debate sobre leis de anistia, acessibilidade dos arquivos repressivos, formação de comissões de verdade e política transicional, o papel das testemunhas, a herança das experiências traumáticas e formas de reparação, bem como os avanços e recuos do Poder Judiciário diante dos crimes do terrorismo de Estado. Nesse sentido, não só a academia tem se mostrado receptiva a esta dinâmica efervescente em relação à história recente, como outros protagonistas têm incidido no debate, caso de partidos políticos, associações de direitos humanos, mídia, forças armadas, etc. No campo da produção do conhecimento histórico se verifica uma crescente tendência de proposição de eventos extra-nacionais, assim como o surgimento de grupos de pesquisa e projetos editoriais com o mesmo perfil.

Justificativa:

O estudo das ditaduras constitui um campo de pesquisa e análise relativamente recente. A diversidade teórico-metodológica de abordagem e os novos temas têm ampliado consideravelmente o leque de objetos de pesquisa. Da mesma forma, o acesso a arquivos até pouco tempo atrás desconhecidos, ou a revalorização de outros esquecidos, também tem sido motivo de estímulo para pesquisadores de variadas origens. A informatização e disponibilização na Internet de milhares de documentos e depoimentos relacionados com o período autoritário, a circulação de tantos outros (caso do Projeto Memórias Reveladas) e a possibilidade de pesquisar acervos de documentos desclassificados nos países do Cone Sul ou dos EUA, geram possibilidades anteriormente impensáveis. Frente a isso é fundamental que as pesquisas que, aparentemente, parecem fechadas na lógica dos seus objetos de investigação, dialoguem entre si, estabelecendo conexões explicativas entre o local-nacional, e destas dimensões com o regional maior, o Cone Sul. Os proponentes embasam a proposta deste ST a partir da sua experiência na abordagem da temática resultante de múltiplas atividades desenvolvidas em espaços institucionais diversos tanto no Rio Grande do Sul (UFRGS, FAPA, UFSM, FURG, IMA/Pelotas, ANPUH/RS, GT-Ensino História, UNISINOS, ALERGS, ASF/Brasil, etc.), quanto em eventos nacionais correlatos, e nos diversos países do Cone Sul (Jornadas: “Interescuelas”, “Hacer la História”, “Archivos y Derechos Humanos”, “Problemas Latinoamericanos: “Movimientos Sociales, Procesos Políticos y Conflicto Social: Escenarios de disputa”, “Políticas de Memória”, “Experiencias latinoamericanas en Derechos Humanos”,“História Recente” – Argentina -, “História Política”, “Encuentro Regional de História” – Uruguai. Conhecem, também, os arquivos de documentação repressiva: Arquivos Públicos SP, PR, RJ e RS; o Ex-Acervo da Luta Contra a Ditadura; Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP; Archivo Nacional de la Memoria, CEDINCI, Memoria Abierta, Centro de Documentación de la Comisión Provincial por la Memoria/La Plata, CELS (AR); o Archivo del Horror (PY); Ministério Relações Exteriores e SERPAJ (UY). E têm atuado e interagido junto a organizações de direitos humanos (MJDH, Comissão Nacional de Anistia, Grupo-Tortura Nunca Mais, Familiares de Mortos e Desaparecidos, MNDH, Movimento Gaúcho pela Abertura dos Arquivos).
Finalmente, a necessidade de um olhar latino-americano ao conjunto de experiências assentadas sobre as diretrizes da Doutrina de Segurança Nacional reafirma-se, também, diante da existência, na atualidade, de uma série de governos de perfil aproximado, representativos de forças sociais/políticas e dirigentes protagonistas daquele contexto, fato que, independente da diversidade de incidência que possa ter sobre o conjunto da sociedade, aproxima, na região, o presente desse passado recente e redimensiona as questões ainda em aberto.

Prazo para encaminhamento de textos: 21 de março. Para maiores informações acessar: http://www.snh2011.anpuh.org/