-
O Projeto Caminhos do Trabalho SC abre seleção para bolsas de Pesquisa e Extensão
Publicado em 15/05/2025 às 12:39O Projeto Caminhos do Trabalho Santa Catarina faz parte de um Projeto multicêntrico que envolve 18 universidades federais, denominado: Caminhos do Trabalho Brasil. A coordenação geral é feita pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO. Na Universidade Federal de Santa Catarina uma equipe multiprofissional foi formada para a gestão e execução do projeto, que tem escopo de extensão e pesquisa. Foi firmado um Acordo de Cooperação Técnica entre a UFSC e a Fundacentro. O objetivo geral do projeto é mapear e auxiliar no combate à subnotificação das doenças e acidentes que atingem trabalhadores (formais ou não), por meio da investigação dos quadros clínicos apresentados e sua relação com atividades laborais, com apoio e aplicação do conhecimento nas áreas da saúde, sobretudo médico e psicológico, mas também das áreas jurídica e da sociologia. Os atendimentos têm como objetivo mínimo analisar a relação entre trabalho e agravo, com base em avaliação clínica, exames complementares, investigação do histórico ocupacional do paciente, perfil da empresa, orientação jurídica, subsidiando os trabalhadores na obtenção de seus direitos, achados da literatura e das próprias bases primárias do projeto. Na UFSC os atendimentos são feitos no Hospital Universitário (HU) desde setembro de 2023 (extensão) e os casos com demandas de apoio psicológico serão atendidos no Serviço de Atenção Psicológica (SAPSI) a partir de agosto de 2024.
Dúvidas e Inscrições pelo email: liliam.ghizoni@ufsc.br
Cronograma
Etapa Data Inscrições 12 e 19 de maio de 2025 Seleção 1 Etapa – Currículo e Carta 20 a 22 de maio de 2025 Seleção 2 Etapa – Entrevistas 23 e 24 de maio de 2025 Resultado Final Até 30 de maio de 2025 Acesse o edital aqui: Edital 01_2025_Caminhos Trabalho
-
Diálogos do Trabalho SC – “Os mundos do trabalho em tempos de Inteligência Artificial”
Publicado em 28/04/2025 às 10:25Em razão do 1º de Maio, Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, o Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO-UFSC) promove nos próximos dias 07 e 08 de maio, quarta e quinta-feira, o evento de extensão “Diálogos do Trabalho SC – Os mundos do trabalho em tempos de Inteligência Artificial“. O evento será realizado no Auditório Antonieta de Barros, ALESC, como iniciativa conjunta do LASTRO-UFSC, da Superintendência Regional do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (SRT/SC-MTE), do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos de Santa Catarina (DIEESE-SC) e da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), com apoio de outras entidades.
O Diálogos do Trabalho SC contará com conferência de abertura realizada pela prof. Letícia Cesarino (UFSC), no dia 07 às 19h, tratando do tema “Trabalho, tecnologia e política na atualidade“. No dia 8 às 10h, ocorrerá o painel “Aplicações e efeitos da Inteligência Artificial sobre o trabalho,” com palestras do pós doutor em economia e professor Cassio Calvete (UFRGS) e do mestre em engenharia e coordenador de inovação Renato Simões (Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados). O evento terá também, no dia 8 (quinta) às 8h30 oficinas sobre Redes Sociais e Inteligência Artificial.
O objetivo é promover por meio de palestras e oficinas um espaço formativo que propicie um debate qualificado sobre aplicações e impactos da Inteligência Artificial nos mundos do trabalho, situando o tema no atual contexto sociopolítico e articulando perspectivas interdisciplinares e de diversas instituições.
O evento será gratuito e aberto ao público com vagas limitadas.
Link de inscrição: Diálogos do trabalho SC: os mundos do trabalho e a IA
Link para certificação com horas de extensão UFSC: https://inscricoes.ufsc.br/dialogostrabalhoscia
ALESC – Auditório Antonieta de Barros
R. Dr. Jorge Luz Fontes, 310 – Centro, Florianópolis – SC, 88020-185
-
Edital de Seleção de Bolsistas recebe inscrições até 21/02/25
Publicado em 11/02/2025 às 11:01A professora Thaís de Souza Lapa, no uso de suas atribuições, conforme disposto no EDITAL Nº 13/2024/PROEX – PROBOLSAS 2025 torna pública a abertura das inscrições para selecionar alunos/as de graduação para desenvolver atividades de extensão no âmbito do Projeto “Mapeamento, sistematização e divulgação das investigações sobre Trabalho no Brasil”.
O projeto, que contempla parte das ações de extensão do Laboratório de Sociologia do Trabalho em 2025 no âmbito de parceria entre UFSC e Associação Brasileira de Estudos do Trabalho – ABET, terá bolsa mensal de vigência e pagamento entre 01/03/2025 a 31/12/2025, no valor de R$ 700,00. Inscrições devem ser encaminhadas até 21/02/2025 para o email thais.lapa@ufsc.br .
Acesse o edital para saber os detalhes EDITALSelecao2025LastroABET_assinado.
Resultado – estudante aprovado e demais estudantes classificados:
Estudante selecionado:
1 – Leonardo Borba
Estudantes com inscrição homologada, em ordem de classificação:
2. Isabeli Schemmer de Melo
3. Ana Paula Possap
4. Keila Urnau
5. Ana Paula Romano
6. Luísa Chini Baptista
Confira a publicação oficial do resultado da seleção.
-
Resultado de seleção para atuação no Espaço das Crianças
Publicado em 22/08/2024 às 18:18O Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO), publica o resultado do processo seletivo de monitores/as, 01 coordenadora e 01 supervisora para atuação no Espaço das Crianças no evento “ Por um Fio: Seminário Internacional de Saúde e Trabalho“.
Para ler o resultado do edital na íntegra, clique aqui.
As/os selecionadas/os foram:
Monitoras e Monitores:
Ana Carib Mendes de Oliveira;
Ariane Vieira Peron;
Brida Helena Gonçalves Fernandes Lima;
Érka Varandas Ribeiro;
Igor da Silva Lodetti;
Julia Soethe Turatti;
Marjori Michel Majolo;
Peterson Rezer Vieira;Coordenadora Pedagógica:
Jaquelline Monteiro dos Santos;Supervisora Pedagógica:
Nathiele Rodrigues dos Santos;Para conferir as homologações e classificações, clique aqui.
O Laboratório agradece a todas/os as/os 86 interessadas/os!
-
Resultado de seleção de Monitoria para relatoria e apoio ao evento
Publicado em 22/08/2024 às 16:53O Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO), publica o resultado do processo seletivo de monitoria para atuação no evento “ Por um Fio: Seminário Internacional de Saúde e Trabalho“.
Para ler o resultado do edital na íntegra, clique aqui.
As/os estudantes selecionadas/os foram:
Ana Paula Klaumann Chinato
Bruno Soares Pereira
Carla dos Santos Feijó
Iael Kurjan Cunha
João Paulo Monteiro dos Santos
Juan de Braga
Julia de David Chelotti
Júlia Ritzmann
Júlia Zenni Lodetti
Luiza Rios Gonçalves
Maria Alice Corrêa Breigeron
Nicolas Mendes Souza
Sasha Acerbo
Solange Vieira Pereira
Victoria Paoletti
Vitória Pacheco Garbin*Advertimos: A seleção de monitorias e demais funções relativas ao Espaço das Crianças ainda está sendo realizada. Outra publicação será feita com seu resultado.
O Laboratório agradece a todas/os as/os estudantes interessadas/os.
-
Por Um Fio – Editais de seleção de Monitorias e de Coordenação e Supervisão do Espaço das Crianças
Publicado em 13/08/2024 às 20:15O LASTRO publica as instruções para dois processos seletivos para atuação no evento Por Um Fio – Seminário Internacional de Saúde e Trabalho, que ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de agosto de 2024, na UFSC.
Para acessar o Edital 01/2024 na íntegra, que seleciona até 20 monitores/as para atividades de relatoria e apoio ao evento, clique aqui. Realize sua inscrição, até o dia 18.08, através do formulário clicando aqui.
Para acessar o Edital 02/2024 na íntegra, que seleciona até 10 monitores/as, 01 coordenadora e 01 supervisora para atuação no Espaço das Crianças do Por um Fio, clique aqui. Realize sua inscrição, até o dia 21.08, através dos formulários:
. Formulário vaga monitores/as
*Para saber mais sobre o evento, consulte a página do Por um Fio, clicando aqui.
-
Parabéns Diana!
Publicado em 01/08/2024 às 11:12Parabenizamos a colega Diana Maciel Dias pela sua colocação na segunda edição do Prêmio Zahidé Muzart.
Seu TCC – Trabalho tem T de Trans?: inserção e permanência de pessoas trans no mercado de trabalho – ficou em primeiro lugar na categoria da Graduação do Prêmio IEG em Estudos Feministas.
A Cerimônia de premiação ocorrerá hoje, 01 de agosto, durante o Fazendo Gênero 13 às 17h00 no Espaço Zahidé Muzart localizado no Centro de Comunicação e Expressão (CCE) do Campus Reitor João David Ferreira Lima na Trindade, Florianópolis.
Em seu trabalho Dias reuniu e discutiu argumentos presentes em estudos acadêmicos sobre acesso e permanência no mercado de trabalho no Brasil, para a população trans, buscando identificar as contribuições e eventuais lacunas na literatura acadêmica à luz de teorias sobre trabalho e gênero mais consolidadas nas ciências sociais e com a pretensão de dar continuidade ao debate a partir da perspectiva do transfeminismo.
Convidamos a fazer a leitura de seu TCC acessando o repositório da UFSC, clicando aqui.
O Laboratório também estende a celebração para as demais premiadas do evento e parabenizamos o IEG pelo incentivo de compartilhar trabalhos tão importantes.
-
Por Um Fio – Seminário Internacional de Saúde e Trabalho
Publicado em 14/05/2024 às 16:17Para mais informações clique aqui 🙂
-
Resultado de Seleção de Bolsista
Publicado em 09/05/2024 às 14:19O Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO), vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina por meio do Departamento de Sociologia e Ciência Política do CFH, publica o resultado do processo seletivo de bolsistas para atuação no projeto de extensão “Trabalhamos, logo existimos: saberes cruzados da universidade e sindicatos sobre trabalho“.
Após as etapas do processo seletivo, a matrícula selecionada para atuar como bolsista foi 20203801.
Por fim, o Lastro agradece a participação dos candidatos/as e permanece à disposição de todos/as os alunos/as e interessados/as que desejam contribuir com o desenvolvimento de pesquisas e projetos relacionados ao trabalho.
Para ler o resultado do edital na íntegra, clique aqui.
-
Aos e às ninguéns que ainda cozinham
Publicado em 27/02/2024 às 15:34Por Bianca Briguglio e Júlia Zenni Lodetti
Richard Wrangham publicou um livro em 2009 intitulado “Pegando fogo: por que cozinhar nos tornou humanos”. Neste trabalho, o antropólogo afirma que o domínio do fogo e o desenvolvimento da capacidade de cozinhar carnes e outros alimentos promoveu mudanças físicas, fisiológicas e psíquicas ao longo de milhares de anos, que culminaram na forma que assumimos hoje. “Acredito que o momento da transformação que deu origem ao gênero Homo, uma das grandes transições na história da vida, brotou do controle do fogo e do advento de refeições cozidas. O cozimento aumentou o valor da comida. Ele mudou nossos corpos, nosso cérebro, nosso uso do tempo e nossas vidas sociais”, afirma o autor já na introdução.
Pegar os alimentos crus e transformá-los em refeições é um processo que demanda força física, destreza, habilidade, conhecimentos, algum grau de familiaridade com os alimentos e com os instrumentos culinários, como facas, panelas, frigideiras e fornos. É preciso conhecer a procedência dos insumos, suas quantidades, mensurar o tempo de preparo, dominar técnicas de manipulá-los e, finalmente, agir sobre eles para preparar a refeição. Isso acontece na cozinha doméstica e na profissional.
A comida reflete as tradições e a identidade de um povo, e está profundamente enraizada nas dimensões sociais e históricas de uma sociedade. As tradições culinárias não são apenas variações de receitas, mas também ingredientes, métodos de preparo, formas de sociabilidade e sistemas de significados que se baseiam nas características territoriais e nas experiências. A culinária é uma expressão da cultura de um povo em um determinado território e num momento histórico.
Ela é presente na vida de todas as pessoas do planeta, pois todos os seres humanos precisam se alimentar para viver. Seja em grandes almoços familiares, sozinho/a, em casa ou em outro lugar, rápido ou devagar, todo mundo come. Ou melhor, todo mundo precisa comer. Lembremos que o Brasil tem 21 milhões de pessoas que não têm o que comer todos os dias e 70,3 milhões se encontram em situação de insegurança alimentar, segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
É evidente que a alimentação também é permeada e atravessada pelas relações de produção e de mercado, pela contradição da relação entre quem detém os meios de produção e quem produz valor, uma vez que está inserida no sistema capitalista. Na lógica de exploração do capital, as cozinhas profissionais tornam-se espaços de produção que também são pautados por critérios como efetividade, eficácia e a dinâmica de reduzir custos para aumentar lucro – o que frequentemente se traduz na redução do quadro de profissionais e superexploração daqueles que permanecem.
É por estar inserida nessa lógica de produção que emerge um modelo “ideal” de restaurantes, do ponto de vista do capital: as chamadas dark kitchens. Trata-se de uma tentativa de reduzir custos ao máximo: mantém-se a cozinha, remove-se o salão. Ali apenas se produzem as refeições, e o consumo se dá em outro espaço. Elas dependem do serviço de entrega, o famoso delivery, que leva a refeição diretamente para o cliente. A separação entre a cozinha e o cliente aumenta. Quem consome a comida é totalmente apartado de seu processo de produção.
As dark kitchens, apesar de trazerem uma série de problemas que passam pelas condições de funcionamento, relações trabalhistas, salubridade, adequação às normas dos estabelecimentos comerciais, desafios urbanísticos, entre muitos outros, já são tratadas pelo mercado como uma tendência e, cada vez mais, vem sendo pintadas como uma inovação positiva ao mercado de alimentação. Esse “modelo de negócio” adiciona uma camada à invisibilidade do trabalho nas cozinhas, ficando velado até mesmo para fiscalizações sanitárias ou trabalhistas.
Numa dinâmica em que o ato de cozinhar é praticamente esvaziado de seu valor cultural e afetivo, estes estabelecimentos reúnem, muitas vezes, mais de um tipo de culinária, geralmente galpões com várias cozinhas diferentes, sem fachada, sem espaço para consumo, e até sem identificação. Em muitas localidades, essas cozinhas são instaladas em bairros residenciais e trazem problemas para o entorno, seja pelo seu funcionamento noturno, seja pela concentração de entregadores.
Devido à frequente falta de estrutura para que estes aguardem o que será entregue, não é incomum observá-los esperando em calçadas, nas ruas, sujeitos à violência de quem não lhes quer ali. Nesta mesma semana, mais um entregador que estava trabalhando foi atacado por um morador enraivecido com sua presença. Esta notícia ter sido veiculada na mesma semana que a declaração do presidente do iFood não é uma simples coincidência, já que a violência direcionada aos entregadores de aplicativos é uma tendência que tem se mostrado crescente*.
Nas poucas pesquisas que buscam estudar o trabalho de cozinheiros e cozinheiras, há frequentemente a reiteração de que este é um ofício invisibilizado. Seja por estar intrinsecamente relacionado ao trabalho doméstico predominantemente feminino, seja por se tratar de um serviço realizado em um ambiente fechado, oculto aos olhos dos clientes, o foco está no resultado final e não no processo, isto é, no prato pronto e não no trabalho necessário para fazê-lo.
Trabalhadoras e trabalhadores que atuam em cozinhas de restaurantes, grandes ou pequenos, e quem realiza entregas por aplicativos de delivery são praticamente passíveis de esquecimento total. O aplicativo de entregas – veja bem: não se trata de um aplicativo de alimentação, mas de entregas – representa a fetichização total de um serviço de alimentação, na qual a comida aparece pronta quase como mágica. Afinal, quando a refeição é comprada no aplicativo, não há contato algum com o setor da produção. No máximo o cliente encontra o entregador – e olhe lá.
A impactante, mas não surpreendente, colocação do presidente do Ifood só reforça essa argumentação. Ele provavelmente acredita que as pessoas deixarem de cozinhar em casa para pedir comida pronta que é preparada nessas condições problemáticas (para dizer o mínimo) é um grande avanço social. Que cozinhar em casa é perder tempo. E ele não é o único a pensar assim. Considerando um recorte de gênero, os homens tendem a cozinhar muito menos em casa do que as mulheres, e portanto são mais “livres” para dedicarem seu tempo para outras atividades enquanto suas companheiras, mães, esposas, filhas, irmãs, preparam suas refeições.
A ideia de que cozinhar em casa teria o mesmo custo financeiro do que pedir a comida pronta só pode ser concebida se a exploração dos milhares de cozinheiros e cozinheiras se intensifique ainda mais, seus salários ainda mais rebaixados, suas condições de trabalho ainda piores. Não há outro caminho para manter a margem de lucro do dono da cozinha (comum ou dark) e do iFood, e ainda competir com os preços dos alimentos antes de serem preparados. Mais do que um ataque à culinária doméstica e sua importância para as famílias e para a sociedade, a fala do presidente aponta para o incremento da superexploração e a deterioração das condições de trabalho de todo este segmento profissional. E o assustador é que ele tem razão: a tendência é justamente essa.
A manchete da Folha de São Paulo destaca: “Em dez anos, ninguém vai mais cozinhar”. A reação do público foi bem ruim. O presidente rapidamente procurou se justificar, afirmando que não estava atacando a cozinha doméstica. Tratava-se apenas de afirmar que montar uma cozinha, comprar alimentos em grande quantidade, contratar funcionários, preparar refeições, servi-las e entregá-las vai custar o mesmo do que cozinhar em casa. Na verdade, é mais do que uma colocação, é uma projeção, uma expectativa de tom positivo. Ninguém mais vai cozinhar em casa porque alguém vai cozinhar fora de casa. São justamente essas pessoas que sustentam o iFood, trabalhando em jornadas extensas (muitas vezes para além do que a lei prevê), em condições precárias e com baixíssimos salários. Ora, o que vai ser entregue senão a comida preparada por alguém, em alguma cozinha – seja ela de alto padrão, estruturada, precária, dark ou onde seja?
Não à toa, o presidente do iFood finaliza a entrevista propagando a palavra da “legislação moderna e flexível”, sugerindo que não se repita a “fórmula da CLT”. Ou seja, o receio é que deixe de ganhar massivamente com a exploração desmedida dos trabalhadores desprovidos de direitos. Diz defender emprego, salário e previdência, como se fosse um grande presente, fazendo coro com os empresários que enxergam nos direitos trabalhistas e na saúde dos trabalhadores obstáculos ao lucro e ao progresso. A verdade é que sua fala não ataca a cozinha doméstica, mas sua ação e a da sua empresa atacam diretamente cozinheiros e cozinheiras, chefs, auxiliares, ajudantes, garçons, garçonetes e toda a miríade de trabalhadores das cozinhas e da alimentação, que diariamente colocam sua força, inteligência e capacidades à serviço do nobre propósito de alimentar outras pessoas.
A cozinha sempre vai existir. Os direitos dos trabalhadores talvez não. Talvez, o que o presidente do iFood tenha pensado ao dizer que em dez anos ninguém mais vai cozinhar, afinal, é que em dez anos alguém vai cozinhar, mas num contexto totalmente desvinculado da cultura, em condições ainda piores, num formato de trabalho ainda mais precário. E que, para ele, isso é bom.
*Dessa vez, como em muitas outras, o trabalhador era uma pessoa negra, o que levou a brigada militar de Porto Alegre a concluir que quem deveria ser preso e controlado era ele, mesmo sendo a vítima de um agressor branco. São inúmeros os casos, em diferentes estados do Brasil, em grande parte atravessados por um preconceito racial evidente. Alguns estão listados aqui:
BH: motoboy foi atacado com canivete em discussão, indica defesa
Entregador agredido: “Tenho que processar ou vira costume pegar pobre”
Vídeo: entregador é atacado por cliente: ‘Aqui é área de milícia’
‘Ela me tratou como se eu fosse escravo’, diz entregador agredido por moradora no Rio
Entregador é impedido de subir em elevador de prédio no RJ e denuncia racismo
‘Pulando que nem macaco’: entregador negro é alvo de racismo em Pinheiros, São Paulo
Entregador sofre ofensas racistas em condomínio de Valinhos; VÍDEO
Entregador é alvo de ataques racistas por adolescentes no interior de SP: ‘preto, macaco, fedido’
Data de publicação: 22/02/2024