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LASTRO comemora 12 anos de fundação com o lançamento da “Editoria Em Debate”
Publicado em 22/11/2011 às 13:52Como atividade comemorativa do 12º aniversário de criação do LASTRO, será lançado o projeto de extensão “Editoria Em Debate”. No coquetel de inauguração serão lançados 7 livros, o número 6 da Revista Digital Em Debate e a Galeria Virtual.
Trata-se de um projeto que objetiva desenvolver e aplicar recursos de publicação eletrônica, para revistas, cadernos, coleções e livros, que possibilitem o acesso irrestrito e gratuito, dos trabalhos de autoria dos membros dos núcleos, laboratórios e linhas pesquisa da UFSC e de outras instituições, conveniadas ou não, sob a orientação de uma Comissão Editorial. Pretende ainda publicar, sob demanda, versões impressas do que for compatível com objetivo acima, além de incluir sob responsabilidade da Editoria Em Debate, a revista eletrônica Em Debate e demais publicações e edições que forem definidas pela Comissão Editorial.
A necessidade deste projeto parte da constatação de que muito do que é produzido na universidade não é publicado por falta de oportunidades editoriais, tanto em editoras comerciais, quanto em editoras universitárias, cujas limitações orçamentárias não permitem acompanhar a demanda existente. Dentre as muitas consequências desta realidade, destaca-se a limitação em acessar novos conhecimentos por parte de estudantes, pesquisadores e leitores em geral e, de outro lado, acarretam prejuízos também aos autores, visto a tendência de pontuar a denominada produção intelectual pelas publicações. Por outro lado, é constatada também a velocidade crescente e em escala cada vez mais ampla da utilização de recursos informacionais que permitem divulgação e democratização do acesso à publicações. Assim, o público a ser atendido, dado o teor das publicações, deve estar ligado às ciências humanas, incluindo professores e alunos do ensino médio.
O projeto conta com recursos do convênio UFSC (via MDH)/Middlebury College (EUA) por meio do qual o financiamento da segunda tem como contrapartida da primeira a disponibilização de alunos bolsistas, hospedagem da página web e arquivos.
DATA: 06 de dezembro de 2011
LOCAL: 19:00h no miniauditório do CFH (sala 328).
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LASTRO promove palestra e convida para debater Amazônia
Publicado em 24/10/2011 às 15:53Sob o tema “Desenvolvimento regional da Amazônia, relações sociais e ambientais” o Prof. Dr. Fiorelo Picoli da Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) realizará palestra no miniauditório do CFH na próxima quinta feira dia 27 às 19 horas. O professor Fiorelo é autor de vários livros, dentre os quais se destacam:
- O Capital e a devastação da Amazônia;
- Amazônia: desarrollo y expropiación;
- Amazônia: do mel ao sangue.
ATIVIDADE: Palestra
TEMA: Desenvolvimento regional da Amazônia, relações sociais e ambientais
PALESTRANTE: Prof. Dr. Fiorelo Picoli (UNEMAT)
LOCAL: Miniauditório do CFH
DATA: 27/10/2011 (quinta-feira)
HORA: 19:00
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LASTRO no IV Seminário Nacional de Ciência Política da UFRGS
Publicado em 20/10/2011 às 13:49IV SEMINÁRIO NACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA DA UFRGS
Porto Alegre, Rio Grande do Sul – 8, 9 e 10 de novembro de 2011
Realizado anualmente desde 2008, o Seminário Nacional de Ciência Política, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pretende, nesta quarta edição de 2011, contextualizar o atual momento do estudo da Ciência Política no país, e promover o debate em duas questões correlatas cujo desenvolvimento é de extrema importância para aperfeiçoar tanto a análise acadêmica quanto a prática política. Assim, e em consonância com uma tendência nacional, a proposta central sugerida pela comissão de organização está orientada para as temáticas da Teoria e da Metodologia.
Além de palestras e de um Fórum destinado aos alunos de graduação, o debate será promovido especialmente por meio de seis Grupos de Trabalho (GT’s) e um Fórum organizados em torno dos temas mais pujantes das linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação, que encontram-se assim estruturados:
1) GT de Cultura Política e Opinião Pública
2) GT de Elites e Poder Político
3) GT de Instituições Políticas
4) GT de Política Internacional
5) GT de Políticas Públicas
6) GT de Teoria Política e Pensamento Social
7) Fórum de Gênero, Direitos Humanos e Cidadania
O LASTRO se fará presente neste importante evento no GT de Teoria Política e Pensamento Social, coordenado pelo Prof. Dr. Hélio Ricardo do Couto Alves e Carlos Artur Gallo, por meio da comunicação intitulada Joseph Dietzgen: a epistemologia do materialismo histórico-dialético de autoria de José Carlos Mendonça.
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1964: Notas sobre uma vitória simbólica
Publicado em 10/10/2011 às 18:54Por Caio Navarro de Toledo
Doutor em Filosofia e Pesquisador na área das ideologias políticas, em particular do pensamento político brasileiro contemporâneo.
O recente episódio suscitado por uma placa, afixada no centro do campus da USP, revelou que não deixa de ser vitorioso o significado político-ideológico que as esquerdas brasileiras difundem sobre os acontecimentos em torno de 1964. Essa interpretação não deixa de ser hegemônica na atual cultura política democrática brasileira.
Na última 2ª feira (3/10), o blog Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, estranhou o fato de uma placa na USP conter a seguinte inscrição: “Monumento em homenagem aos mortos e cassados na Revolução de 1964”. A indagação do jornalista foi simples e direta: “A USP homenageia as vítimas da ‘Revolução de 1964’”? Imediatamente, outros blogs e parte da grande mídia (portais na internet e jornais impressos) também destacaram o fato da Reitoria da Universidade de São Paulo, por meio da placa, ratificar a versão que os militares e setores civis da direita brasileira procuram difundir sobre a intervenção militar ocorrida há 47 anos; qual seja, a versão segundo a qual em 1º de abril de 1964 teria havido uma Revolução, não um Golpe Militar! [Ninguém desconhece que, para os ideólogos civis e militares (de Delfim Netto a Golbery do Couto e Silva), 1964 representou uma “Revolução redentora” que, de forma pacífica, salvou o Brasil da subversão antidemocrática e do comunismo ateu bem como lançou as bases para a emergência de uma sólida economia industrial no país. Em contrapartida, para a extensa maioria dos intérpretes (partidos e autores) da esquerda brasileira, abril de 1964 significou um golpe civil-militar contra a democracia política e as propostas de reformas econômicas e sociais do capitalismo brasileiro.]
Divulgada a informação sobre a placa, a repulsa dos setores democráticos e progressistas não tardou. Por meio da internet, a comunidade universitária e os blogs progressistas denunciaram o estelionato semântico difundido pela placa que, reconheça-se – pelo seu conteúdo objetivo –, não deixava de revelar um fato altamente positivo: a construção de um monumento em homenagem às vítimas da repressão militar nos 25 anos de ditadura.
Menos de 36 horas após a denúncia feita no blog Viomundo, alguns jornais (5/10) informam que a placa foi retirada do campus da USP. Numa nota a reitoria da USP esclarece: “Houve um erro na inscrição da placa. O nome correto é: “Monumento em Homenagem aos Mortos e Cassados no Regime Militar”. Trata-se de um projeto do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. A correção da placa será feita o mais breve possível”.
Embora a Reitoria da USP recuse a utilização da expressão “ditadura militar” na nova placa, deve-se reconhecer que uma vitória no plano simbólico não deixou de ocorrer. Esta pequena vitória foi possível graças às iniciativas daqueles que – face o fascismo cotidiano existente nas democracias capitalistas – exercem o direito de protestar e não ceder ao arbítrio e à violência no plano simbólico.
Foi o que fizeram, por exemplo, três estudantes da USP. Como informa o blog Viomundo, um estudante, desafiando a segurança, riscou a expressão “Revolução de 1964” e escreveu na placa: “golpe”. Dias depois, uma estudante acrescentou a palavra certa: “ditadura”. Horas depois, a mesma jovem voltou ao local e escreveu: “massacre”. Uma terceira estudante, blogueira, escreveu em sua página: “É um verdadeiro insulto a todos os estudantes e professores que foram perseguidos e mortos durante os anos de chumbo”. Se não fossem os estudantes, a placa insultuosa – aprovada pelos burocratas da Universidade –, certamente, ali permaneceria sob o olhar indiferente, complacente e despolitizado de muitos circunstantes.
No entanto, alguns estudantes não se calaram; manifestaram justa indignação. São eles que, nos dias de hoje, poderão também reescrever a combativa consigna vigente na luta contra o fascismo: no pasarán!”
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Grupo de Estudos do LASTRO – Semestre 2011.2
Publicado em 10/10/2011 às 15:42Sob a temática “Epistemologia e Materialismo Histórico-Dialético” realiza-se de 19/10 a 30/11 o grupo de estudos do LASTRO segundo semestre de 2011.
Serão seis sessões semanais com o objetivo de estudar, em caráter introdutório, a epistemologia do materialismo histórico-dialético a partir de autores clássicos selecionados e relacionar com outras metateorias ainda relevantes no âmbito das ciências sociais, para possibilitar avanços em termos de estudos e pesquisas que se traduzam em saber organizado e expresso na forma de produção textual para futuras publicações.
A metodologia consiste na realização de leituras orientadas para o conhecimento do materialismo histórico-dialético, considerado em sua historicidade e relacionado a outras metateorias, divididas em módulos temáticos. Desenvolvimento das seções: a) Explanação inicial do conteúdo pelos coordenadores; b) apresentação de textos por alunos ou equipes de alunos (síntese em até 30 minutos); c) discussão crítica.
As sessões poderão servir para discussão de projetos de estudantes de graduação e pós-graduação que guardem pertinência com a temática estudada, bem como poderão ser utilizados recursos audiovisuais para apresentação dos conteúdos;
Ao final do semestre espera-se a entrega de um trabalho final na forma de artigo para submissão à revista EM DEBATE (revista eletrônica do LASTRO).
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NOVO número da EM DEBATE já está disponível
Publicado em 03/10/2011 às 15:47Com este segundo número da Em Debate de 2011, comemoramos 12 anos do Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO), criado em 29 de outubro de 1999 no Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina.
[…] O caráter não endógeno da Em Debate está consolidado, juntamente com sua dimensão mais cosmopolita, reafirmada como pública e plural, considerando a expressividade de submissões propostas tanto para o tema gerador do dossiê como para artigos avulsos.
[…] Os leitores poderão desfrutar de artigos que resultam de trabalhos de investigação teórica, histórica e de campo de pesquisadores do Brasil (de diferentes estados), Argentina, Bélgica, Canadá, Colômbia, México e Portugal. [em] abordagens que vão desde a Comuna de Paris, o maio de 1968, a revolução portuguesa de 1974-1975, a Comuna Altenha (Bolívia), a luta de Oaxaca (México), os Conselhos Populares de Fortaleza (Brasil), as Comisiones Obreras (Espanha), as empresas recuperadas na Argentina, até o trabalho autogestionário na economia solidária.
Este número conta também com artigos sobre aspectos da mundialização capitalista em curso, com implicações sobre as condições de dependência e fragilidade democrática, bem como sobre a divisão sexual do trabalho; um igualmente valioso artigo sobre as vítimas da ditadura e memória histórica na Colômbia, tema que agora mobiliza movimentos sociais também no Brasil; três resenhas, uma delas traduzida, sobre o livro de Joseph Dietzgen, outra que apresenta uma pesquisa teórica sobre a obra de Anton Pannekoek, e uma terceira sobre o federalismo na Comuna de Paris. Esses dois autores, pouco divulgados no Brasil, parecem ganhar importância atualmente – em especial o último, pelas argutas análises sobre os limites das instituições democráticas que se enfraquecem nessa normativa, mas, paradoxalmente, se embrutecem como tentativa de controle social.
[…] Por tudo isso, nosso esforço e dos autores foi para que os leitores e leitoras possam desfrutar as referências e o debate. Boa leitura.Prof. Dr. Fernando Ponte de Sousa
Editor-Chefe da Em Debate e coordenador do LASTRO.
O novo número pode ser acessado em http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/emdebate
Confira abaixo o sumário da revista, navegue pelos artigos e itens de interesse, e ajude-nos na divulgação da revista em suas redes de contatos.
Para o próximo número, com publicação prevista para abril de 2012, o prazo para a submissão de novos trabalhos encontra-se aberto.n. 6 (2011): 2° semestre 2011
Sumário
Editorial
Apresentação
Fernando Ponte de Sousa i-iiDossiê
Los archivos de Mayo de 1968: una presentación de la lucha anti-tecnocrática en Mayo de 68
Andrew Feenberg 3-14
As Comisiones Obreras (CCOO) da Espanha. Estudo introdutório das mudanças em sua estratégia política
Paulo Sérgio Tumolo 15-37
O Partido Comunista Português, as nacionalizações, o controlo operário e a “batalha da produção”. Estudo de caso na Revolução Portuguesa (1974-1975)
Raquel Cardeira Varela 38-59
O significado político da Comuna de Paris
Nildo Viana 60-82
A luta em Oaxaca: a auto-organização do cotidiano
Taiguara Belo de Oliveira 83-105
De proletários e aymaras: a Comuna Altenha de 2003 frente à reestruturação produtiva
Bruno Felipe Miranda 106-128
Estado e movimentos sociais: qual autonomia? A experiência dos conselhos populares em Fortaleza
Pedro Costa Junior 129-152Artigos
Argentina: gobernabilidad y movimientos sociales. El caso del Movimiento Nacional de Empresas Recuperadas
Natalia Vanesa Hirtz 153-170
Contra-revolução permanente e manutenção da condição dependente no Brasil
Gustavo Pinto de Araújo 171-193
Mundialização do capital e divisão sexual do trabalho: a walmartização das operadoras de checkout
Nilo Silva Pereira Netto 194-213
O trabalho autogestionário na economia solidária: afinal, o que recuperam e o que transformam as empresas recuperadas
Ana Beatriz Trindade de Melo 214-229
O Movimiento Nacional de Victimas de Crimenes de Estado (MOVICE): uma luta independente e alternativa por um projeto democrático colombiano baseado nos princípios de memória, verdade, justiça e reparação
Laura Milena Guerrero 230-245Resenhas
Conselhos e Organização em Anton Pannekoek
Pablo Mizraji 246-251
O Federalismo e o Internacionalismo na Comuna de Paris
Felipe Corrêa Pedro 252-257Traduções
A natureza do trabalho intelectual humano segundo Dietzgen
José Carlos Mendonça, Pablo Mizraji 258-263 -
LASTRO integra ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DAS GREVES E DOS CONFLITOS SOCIAIS
Publicado em 29/09/2011 às 20:15A partir de agora o LASTRO integra a Associação Internacional para o Estudo das Greves e dos Conflitos Sociais, entidade fundada durante a Conferência Internacional Greves e Conflitos Sociais no Século XX realizada entre 16 e 20 de Março de 2011 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Organizada, coordenada e financiada conjuntamente pelo Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa/Portugal), Instituto Internacional de História Social (Amsterdã/Holanda), Arquivo Edgard Leuenroth (Unicamp/Brasil), Centro de Estudos do Franquismo e da Democracia (Universidade Autónoma de Barcelona/Espanha) e pela Maison des Sciences de L’Homme (Dijon/França), a conferência representou, em nível científico, um retorno aos estudos do trabalho em nível internacional, em particular da conflitualidade social, tema que atraiu cerca de 250 propostas de comunicação, das quais 170 foram selecionadas, dentre elas a do técnico e pesquisador do LASTRO, José Carlos Mendonça, intitulada “Organização política e consciência de classe no pensamento do jovem Trotsky”.
A significativa participação de brasileiros, portugueses, espanhóis, franceses e outros pesquisadores do Mediterrâneo e da América Latina, demonstrou que o principal objetivo da conferência foi expandir os estudos e pesquisas da história global do trabalho e dos conflitos sociais ao mundo latino. Para organizar e dar continuidade a tais avanços e objetivos foi aprovada em reunião plenária, proposta pelo comitê científico, a criação da Associação e de uma revista internacional com arbitragem científica dedicada ao mesmo tema. Visando fortalecer o diálogo entre estudiosos do norte e do sul, a revista será publicada em inglês, mas aceitará submissões de artigos em inglês, francês, português, espanhol e italiano.
A Associação Internacional para o Estudo das Greves e dos Conflitos Sociais englobará estudos de amplo âmbito, acolhendo trabalhos sobre todas as dimensões do mundo do trabalho e dos conflitos sociais, sem limite cronológico. Contará com uma página na internet que servirá de depositário de informações relativas aos estudos realizados, divulgação de bases de dados, e será ainda responsável pela elaboração e circulação de um boletim informativo para pesquisadores e associados. Por meio do pagamento de uma anuidade, será possível assegurar as despesas da Associação tais como a edição da revista acadêmica internacional e a preparação das conferências internacionais bianuais. De filiação exclusivamente institucional, constam como sócios fundadores:
Instituto Internacional de História Social (Holanda),
Maison des Sciences de l’Homme (França)
Instituto de História Contemporânea (Portugal)
Arquivo Edgard Leuenroth (Brasil)
Centre d’Estudis sobre les Èpoques Franquista i Democràtica (Espanha)
Institute of Working Class History (USA)
Red de Archivos Históricos de CCOO (Espanha)
Amsab-Instituut voor Sociale Geschiedenis (Bélgica)
Arbetarrörelsens arkiv och bibliotek (Suécia)
Rosa Luxemburg Foundation (Alemanha)
Department Political Science. University Panteion (Grécia)
Labor Studies Program. Indiana University Kokomo (USA)
Fundación Investigaciones Marxistas (Espanha)
Friedrich Ebert Foundation (Alemanha)
Universidade Popular do Porto (Portugal)
Grupo de Pesquisa Mundos do Trabalho UFF (Brasil) -
O problema da democracia no partido de massas
Publicado em 04/08/2011 às 16:55Por Bruno Lima Rocha
Doutor em Ciência Política e Prof. da UNISINOS-RS
A polêmica que se dá na interna do Partido dos Trabalhadores, a respeito do problema de filiação em massa e dos possíveis filtros necessários (ou não), para ascender na representação partidária reflete um tema de controle político. Não se trata absolutamente de problema novo. Sempre foi tensa a relação entre massificar o número de filiados e qualificar a participação política. Tentar impor etapas de formação antes de garantir plenos direitos e deveres pode ser visto como uma possível barreira para novos adeptos.
Para um partido como o PT, que em sua origem se organiza como um guarda-chuva de correntes de esquerda anti-estalinistas, a filiação direta sempre se contrapôs ao poder das tendências internas e suas massas críticas organizadas. Na prática, está em jogo o ato de premiar a militância orgânica e com formação política ou fortalecer o papel de dirigentes, reforçando o conceito de oligarquias partidárias.
Trata-se de um paradoxo. O aumento dos membros nominais de um partido não implica em nenhuma garantia de engajamento, é justo o contrário. Considerando o senso comum como uma negociação permanente entre a sobrevivência e a condensação das idéias dominantes, temos um problema de doutrina político-partidária. A presença de membros plenos de direitos e deveres, mas que não são capacitados a atuar em nome do coletivo ao qual pertencem, abrem um flanco muito perigoso. Essa maioria despolitizada facilita a reprodução dos piores aspectos da cultura política brasileira, como o caciquismo, patrimonialismo, clientelismo e fisiologismo. De tão forte, o fenômeno ganhou uma denominação de uso comum na militância. Massa mobilizada sem politização é chamada de “boiada”. Triste notícia, a prática é antiga.
Evitar a conformação de “boiadas” deveria ser preocupação permanente, ao menos das esquerdas (em sentido amplo) existentes no Brasil. Ao contrário do que possa parecer, aumentar a participação é inversamente proporcional ao ingresso de membros sem condição de militância. O militante tem de ser alguém minimamente dotado de informação e conceitos de modo que possa emitir opinião e posicionar-se a respeito de temas de envergadura, tanto para a conjuntura como para as instâncias internas da organização. É uma equação simples. Não havendo militância, a vida partidária se esvazia e prevalece a lógica da concorrência eleitoral e a simples partilha de cargos e poder.
Quando a maioria que ingressa é pouco ou nada politizada, os mandos pertencerão aos dirigentes de sempre.Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat
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Professora do RN recusa prêmio de empresários
Publicado em 27/07/2011 às 19:30Por que não aceitei o prêmio do PNBE
Oi,
Nesta segunda, o Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE) vai entregar o prêmio “Brasileiros de Valor 2011″. O júri me escolheu, mas, depois de analisar um pouco, decidi recusar o prêmio.
Mandei essa carta aí embaixo para a organização, agradecendo e expondo os motivos pelos quais não iria receber a premiação. Minha luta é outra.
Espero que a carta sirva para debatermos a privatização do ensino e o papel de organizações e campanhas que se dizem “amigas da escola”.
Amanda
Natal, 02 de julho de 2011
Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,
Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.
Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald’s, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.
A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.
Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público” (Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.
Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.
Saudações,
Professora Amanda GurgelDisponível em: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/07/05/professora-do-rn-que-protestou-contra-educacao-recusa-premio-de-empresarios/
Acesso em: 26/07/2011.
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EM DEBATE, revista do LASTRO, recebe trabalhos até 1º de julho
Publicado em 31/05/2011 às 16:04Chamada para autores
Dossiê Comunas, Conselhos, Autogestão e Autonomia: memória histórica e análise sociológica.O Comitê Editorial da Revista Eletrônica EM DEBATE, do Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC-BRASIL), torna público que no período de 30 de maio a 1º de julho de 2011 receberá artigos científicos para publicação em seu número 6, referente ao segundo semestre de 2011.
Este dossiê tem por objetivo reunir artigos de autores que pesquisem as formas de organização que os trabalhadores instituem a partir de seus movimentos antisistêmicos sob os mais variados aspectos, em diferentes sociedades e contextos. Serão admitidos trabalhos de diferentes orientações teórico-metodológicas.
Em especial pretende-se acolher estudos que, sob parâmetros sociais, ideológicos, institucionais e econômicos, analisem experiências de auto-organização em confronto com regimes políticos estabelecidos – tanto no capitalismo moderno e contemporâneo, quanto em sociedades pré-capitalistas – em seus impactos para a processualidade de movimentos de contestação em prospectiva.Além do dossiê, a revista aceita, em fluxo contínuo, trabalhos relacionados às suas 10 áreas temáticas nas modalidades “artigos”, “resenhas”, “traduções” e “entrevistas”.
Serão aceitos apenas trabalhos inéditos, em língua portuguesa ou espanhola.
Mais detalhes acerca do processo de submissão e linha editorial podem ser obtidos na página da revista: http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/emdebate/index,
ou pelo correio eletrônico: pmizraji@gmail.comOs Editores.