Nota do COLETIVO BANCÁRIOS DE BASE sobre a greve de 2010

21/10/2010 13:01

No primeiro semestre de 2010, o lucro dos maiores bancos do país subiu em média 54,4% em relação a 2009. Entra governo, sai governo, com crise ou sem crise, os lucros dos bancos aumentam 30, 40, 50% todos os anos. Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, alcançam lucros de 8, 9, 10 bilhões de reais a cada ano, e sempre aumentando. Os bancos brasileiros estão entre as empresas mais lucrativas do mundo. Um verdadeiro “negócio da China”.

Esses lucros gigantescos são conseguidos por meio da especulação com títulos da dívida pública, por meio da extorsão dos clientes, dos juros elevados em cheque especial e cartões de crédito, das tarifas abusivas cobradas pelos serviços, e da venda de “produtos” bancários (capitalização, previdência, seguros, consórcios, etc.), muitas vezes “empurrados” sobre os clientes na forma de venda casada, como condição para conceder empréstimos, que também aumentam ano a ano.

Outra fonte do lucro dos bancos é a exploração dos trabalhadores bancários. Enquanto os lucros dos bancos explodem, nossos salários são reajustados por índices ínfimos, de 4, 5, 6% ao ano, segundo a inflação oficial. Em todas as agências e departamentos existe sobrecarga de serviço, com dois ou três bancários fazendo o serviço que deveria ser de quatro ou cinco. As filas para o atendimento são enormes, as reclamações e até agressões do público são constantes, mas os gestores só estão preocupados com o atingimento das metas de vendas, pois disso dependem os bônus milionários que eles e as diretorias dos bancos recebem. O assédio moral, as agressões verbais e ameaças de perda de cargos e até de demissão se transformaram em ferramentas cotidianas de gestão. O adoecimento físico e psicológico atinge grande parte da categoria bancária.

Diante desse quadro, muitos trabalhadores optam por saídas individuais, entram no vale-tudo para subir de cargo pisando nos colegas, ou se retraem indefesos diante do assédio moral, ou apostam numa faculdade para sair da categoria e buscar outras profissões, ou em casos mais extremos, tem havido até suicídios de bancários. Essas saídas, porém, não resolvem nossos problemas! Só através da luta coletiva, da resistência nos locais de trabalho, da organização e da mobilização podemos obter melhorias.

Por todos esses motivos, os trabalhadores bancários estão entrando em greve! Estamos em greve nacional desde 28/09! Só a luta muda a vida!

Mas nossa luta não é apenas contra os banqueiros. Lutamos também contra o governo federal, que é patrão dos bancos públicos. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia são geridos hoje tal e qual empresas privadas, unicamente preocupadas com o lucro a qualquer custo, praticando as mesmas formas de tratamento dos clientes e dos trabalhadores bancários que vimos acima, sem qualquer diferença.

E lutamos também contra a direção dos nossos próprios sindicatos! Os dirigentes sindicais da CUT, que comandam as entidades que “representam” os bancários, estiveram o ano inteiro mais preocupados com a eleição dos candidatos do PT do que com a organização da nossa campanha salarial. Os bancários têm um contrato nacional de trabalho (convenção coletiva) que vence em 1º de setembro, mas a greve só foi deflagrada em 28/09.

Tudo para que a CUT pudesse fazer campanha eleitoral, com recursos materiais e humanos que deveriam estar a serviços dos trabalhadores. E para eleger candidatos que, ao chegar ao governo, como vimos acima, tratam os trabalhadores e os bancos públicos como qualquer patrão de empresa privada.

Como se não bastasse a usurpação de nossa campanha salarial por interesses eleitorais, no curso da própria campanha os bancários têm poucas oportunidades de se manifestar. Não houve e continua não havendo espaços democráticos para que os bancários possam apresentar suas idéias e decidir como deve ser conduzida a campanha. Os dirigentes sindicais da CUT controlam os sindicatos com mão de ferro, como se fossem os seus donos. A maior base de bancários do país, cerca de ¼ da categoria, com cerca de 120 mil trabalhadores (dos quais 80% trabalham em bancos privados), está em São Paulo, cujo sindicato dá a linha política para todos os demais no país (com algumas exceções, pois há sindicatos combativos não centralizados pela CUT em outras bases, como Rio Grande do Norte, Maranhão e Bauru).

Em São Paulo, onde deveria haver um forte enfrentamento aos banqueiros, não há por parte do sindicato um trabalho de organização que permita, especialmente aos trabalhadores de bancos privados, fazer uma greve com grande adesão. E nos bancos públicos, que aderem muito mais à greve, não houve ao longo do ano, em número suficiente, reuniões nos locais de trabalho, reuniões por região ou por banco, plenárias e assembléias no período de preparação da campanha. O sindicato não realiza essas atividades como seria seu papel, tudo para impedir que os trabalhadores de bancos públicos se organizem e se enfrentem mais diretamente com o governo Lula. O resultado é que os trabalhadores aderem à greve, às vezes até em bom número, mas não comparecem às atividades de greve, não vão aos piquetes, comandos e assembléias, pois não se sentem representados.

E durante a própria greve continua não havendo democracia. Nas assembléias, a diretoria do sindicato fala durante horas e os bancários comparecem apenas para levantar o crachá aprovando a greve, como se fossem apenas figurantes. Não são abertas inscrições para que os bancários possam falar. Quando há falas, são distribuídas aos dirigentes das correntes sindicais e partidos políticos. Quando os bancários da base falam, as propostas não são colocadas em votação. E a experiência dos últimos anos nos mostra que, quando as propostas vindas da oposição ganham uma votação, os dirigentes sindicais não encaminham o que foi votado.

Nós do coletivo Bancários de Base, que não é controlado por nenhum partido político, que é composto por trabalhadores militantes de diversas linhas de pensamento, que reúne trabalhadores bancários que estão no dia a dia das agências e departamentos, que suportam cotidianamente a pressão dos clientes e dos gestores, estamos na luta para que os bancários sejam os verdadeiros protagonistas das campanhas salariais.

Lutamos para que os bancários possam falar nas assembléias, para que suas propostas sejam colocadas em votação, para que o que foi votado seja encaminhado, para que os trabalhadores possam ter o controle sobre a sua campanha.

Lutamos para que as assembléias sejam unificadas, para que os trabalhadores de todos os bancos em conjunto possam decidir sobre o índice de reajuste e os pontos comuns da convenção coletiva, e para que as questões específicas sejam decididas em assembléias específicas de cada banco.

Lutamos para que as assembléias sejam no horário dos grevistas, às 4 da tarde, enquanto durar a greve, já que nos últimos anos, quando quer acabar com a greve, a CUT convoca assembléias para as 7 da noite, em acordo com os bancos, de modo que gerentes e fura-greves possam comparecer em massa para votar contra a greve.

Lutamos para que a base de São Paulo possa eleger representantes para a mesa de negociação, para que não fique tudo entre quatro paredes entre os dirigentes da CUT, o governo Lula e os banqueiros.

Lutamos para que os bancários da base possam falar nas assembléias, para que possam fazer propostas de como conduzir a greve, para que as propostas sejam colocadas em votação. Não podemos votar apenas “greve” ou “não greve”, mas qual a greve que precisamos!

Lutamos para que haja comandos de greve fixos nas regiões, para que os próprios grevistas possam decidir onde fazer os piquetes e como fortalecer a paralisação.

Lutamos por:

– Isonomia entre funcionários antigos e novos nos bancos públicos!

– Estabilidade no emprego para os trabalhadores de bancos privados!

– Fim das metas e do assédio moral!

– Por um plano de reposição de perdas!

– Piso do DIEESE para toda a categoria!

– Plano de carreira e plano de cargos e salários!

– Fim das terceirizações e dos correspondentes bancários!

– Mais contratações e mais trabalhadores nos bancos!

Como trabalhadores do sistema financeiro, lutamos sim para que os bancos tenham outra função na sociedade, diferente do papel predatório que têm hoje. E para isso, é fundamental que os trabalhadores bancários recuperem seus salários, suas condições de trabalho, sua saúde, sua auto-estima, sua condição de protagonistas, e sejam donos do próprio destino!

Todo apoio à greve dos bancários!

Coletivo Bancários de Base

São Paulo, outubro de 2010.

(recebido em 9 out. 2010)

ONU cobra do Brasil julgamento de crimes durante a Ditadura

16/09/2010 10:02

“Em todas as sociedades, para que haja uma paz sustentável, tem que fazer Justiça ao que ocorreu”, disse secretário

A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que o próximo governo brasileiro terá de lidar com o passado e os crimes da ditadura se quiser avançar em sua paz social. O recado foi da Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, que manteve hoje uma reunião, em Genebra, com o chanceler Celso Amorim. Na agenda, um dos temas foi exatamente a manutenção da lei de anistia no Brasil.

“Em todas as sociedades, para que haja uma paz sustentável, tem que fazer Justiça ao que ocorreu”, alertou a numero 1 em direitos humanos na ONU. “Este será o desafio do próximo governo”, afirmou Pillay, que antes ocupava o cargo de juíza de crime de guerra no Tribunal da ONU para Ruanda.

Segundo ela, quando o tema foi levantado na reunião, Amorim indicou que a perspectiva de ver o tema avançar era sombria. “Discutimos a questão do passado brasileiro e o ministro indicou que ele não acreditava que havia boas perspectivas para avançar no tema (no Brasil)”, afirmou.

A ONU vem apontando para a necessidade de o Brasil não ser o único país do Cone Sul a deixar aberto o capitulo das ditaduras dos anos 70 na região. No ano passado, Pillay se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi direto ao ponto. Pessoas que estiveram no encontro naquele momento revelaram à reportagem que a representante da ONU foi direta em suas críticas ao Brasil e que Lula “fechou a cara” desde o inicio do encontro.

A meta da ONU e de impedir que novas leis de anistia façam parte de soluções de conflitos atuais e pressiona para que leis de anistia adotadas nas ultimas décadas sejam abolidas em todo o mundo. Há poucos meses, a entidade recomendou a Espanha que julgasse finalmente os crimes cometidos na Guerra Civil.

Divulgação para fins educacionais. Disponível em:http://www.bemparana.com.br/index.php?n=156956&t=onu-cobra-do-brasil-julgamento-de-crimes-durante-a-ditadura

Acesso em: 16 set 2010

ONU elogia Argentina pelo julgamento de repressores da ditadura

12/08/2010 08:07

“A Argentina demonstrou que conhecer a verdade é um direito sem limites”. A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, elogiou a Argentina por ser o país “com o maior número de julgamentos por crimes contra os direitos humanos no mundo”. Ela aproveitou, no entanto, para criticar outros países sul-americanos que aplicaram anistias e indultos a repressores, advertindo especificamente Chile e Brasil.

“No entanto, na América do Sul e em outros lugares, o esquecimento continua sendo promovido”, afirmou Pillay. Ela convocou a região a “entender melhor e enfrentar as atrocidades cometidas durante os conflitos internos das últimas décadas.”

Pillay destacou concretamente o caso do Brasil, onde a corte suprema rechaçou esse ano reconsiderar a lei de Anistia para permitir o julgamento dos responsáveis pelos crimes cometidos durante a ditadura (1964-85). No Chile, continua Pillay em coluna divulgada hoje (6/8) no jornal Folha de S. Paulo, “a lei de anistia continua vigente depois de 32 anos, apesar do repúdio internacional.”

“Anistias que sepultam a verdade e isentam os responsáveis são suscetíveis a prejudicar a perspectiva de construção de sociedades justas e seguras no futuro”, advirtiu. “A posição da ONU sobre as anistias é claríssima: não são admissíveis se evitam o julgamento de pessoas que podem ser penalmente responsáveis por crimes de guerra, genocídio, crimes contra a humanidade ou violações graves de direitos humanos.”

Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/noticiashttp://operamundi.uol.com.br/noticias/ONU+ELOGIA+ARGENTINA+PELO+JULGAMENTO+DE+REPRESSORES+DA+DITADURA_5512.shtml

Acesso em: 12 ago 2010

Nota de repùdio ao decreto que define mudanças no PNDH3

18/05/2010 21:21

Por esta nota, expressamos, mais uma vez, nosso repúdio a qualquer alteração no PNDH3 construído em base às Conferências de Políticas Públicas e suas deliberações.
Para nós o PNDH3 somente poderia ser revisado em sua próxima edição, ou seja, após uma futura nova Conferência de DH, como é desejável do ponto de vista da consolidação da democracia no Brasil.
Não reconhecemos por isto, qualquer base de legitimidade para o Decreto 7.177 assinado pelo presidente Lula e o ministro Paulo Vanucchi e publicado no Diário Oficial nesta quinta-feira 13 de maio de 2010.
Com este gesto, o Governo Lula comete um profundo equívoco político, pretendendo atender à pressões do latifúndio, da grande mídia comercial e outros forças como o alto clero católico, joga por terra as deliberações das Conferências e enfraquece a política de participação que um dia pretendeu fortalecer.
Reafirmamos, entretanto, o valor e legitimidade do PNDH3, que estando aquém de nossos anseios, trouxe algumas vitórias e toca em questões fundamentais para a justiça social e a democracia brasileira, dentre as quais a democratização da propriedade e dos meios de comunicação, a revisão de leis do período da ditadura militar que embasaram violações de direitos humanos, a efetivação do princípio da laicidade do Estado, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a questão do aborto.
Em meio à pressões dos setores conservadores e fundamentalistas, que bloqueiam o reconhecimento pelo Estado da autonomia das mulheres, nos unimos a outros movimentos sociais na defesa do texto original do PNDH3.
Cobramos a responsabilidade do Estado pela efetivação e garantia dos direitos humanos no Brasil, demandamos a revogação do Decreto 7.177 e imediata implementação das diretrizes do PNDH3.
Seguiremos na luta por direitos em aliança com todos os movimentos sociais democráticos e populares.

Articulação de Mulheres Brasileiras
14 de maio de 2010

Lançamento do livro “O terrorismo de Estado na Colômbia”

14/05/2010 10:39

Lançamento do livro O terrorismo de Estado na Colômbia, de Autoria de Hernando Calvo Ospina, jornalista do Le Monde Diplomatique.

24 de Março (quarta-feira) / 19:00 horas

Auditório do Sinergia – Sindicato dos Eletricitários de florianópolis e Região.

Rua Lacerda coutinho,149, Centro.

Conferência do autor  sobre Colômbia: A história, as guerrilhas e as bases dos Estados Unidos na Amazônia no lançamento do livro.