LEFIS: cursos de capacitação setembro 2013

11/09/2013 14:22

Prosseguem os cursos de capacitação oferecidos pelo LEFIS aos professores de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Ensino, durante o 2º semestre de 2013.

Abaixo a programação para o mês de setembro, lembrando que cada curso tem a carga de 20h e oferece 30 (trinta) vagas:

CURSO DE FILOSOFIA: FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Ministrante: Prof. Dr. Alberto Cupani (UFSC)

Ementa: Ciência como assunto da filosofia. O conhecimento científico. Paradigmas e revoluções científicas. Ciências naturais e ciências humanas. Ciência e tecnologia. Ciência, valores e ideologia. Reflexão pedagógica e didática para o trabalho em sala de aula.

Dias: 06 e 20 de setembro – Horário: 08:00 às 12:00 – 13:00 às 17:00h.

Local: E.E.B. Prof. Henrique Stodieck (Auditório)

 

CURSO INTERDISCIPLINAR: MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO (MARXISMO)

Ministrante: Dr. Valcionir Corrêa (UFSC)

Ementa: Introdução ao Materialismo Histórico e Dialético. Diferenças teóricas entre o Idealismo (Hegel) e o Materialismo (Marx). Pressupostos filosóficos do paradigma epistemológico marxista. Concepção e método analítico da filosofia e das ciências sociais com base no materialismo histórico e dialético, observando sua concepção de mundo, de homem e sua interpretação da realidade social. Arcabouço teórico do marxismo: breve introdução à sua teoria epistemológica, antropológica, econômica, política e social. Reflexão pedagógica e didática para o trabalho em sala de aula.

Dias: 11, 18, 25/set, 02, 09 e 16/out. (4as. feiras)  – Horário: 14:00 às 17:00h.

Local: LEFIS (E.E.B. Simão José Hess)

 

CURSO DE SOCIOLOGIA: ESTADO E SOCIEDADE

Ministrante: Prof. Dr. Fernando Ponte de Sousa (UFSC)

Ementa: Conceito de Estado: concepção liberal e marxista. Estado e classes sociais. Os tipos de Estado na história da humanidade: escravista, feudal e capitalista. O Estado no capitalismo.  O Estado-nação.  A democracia liberal e o Estado ditatorial. A evolução do Estado no Brasil. Democracia e Estado ditatorial no Brasil e na América Latina. Reflexão pedagógica e didática para o trabalho em sala de aula.

Dias: 13 e 27 de setembro – Horário: 08:00 às 12:00 – 13:00 às 17:00h.

Local: E.E.B. Prof. Henrique Stodieck (Auditório)

 

CURSO INTERDISCIPLINAR: DIREITOS HUMANOS PARA O ENSINO MÉDIO

Ministrantes: Doutoranda Juliana Grigoli e Mestranda Sabrina Schultz

Ementa: Direitos Humanos: fundamentação, conceituação e desafios. Desenvolvimento histórico. Classificação em gerações. Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Proteção internacional dos direitos humanos (Conferências, Convenções, Encontros e Tratados). Direitos Humanos no Brasil: os direitos humanos na Constituição Federal brasileira de 1988. Debates atuais: movimentos sociais, pobreza, violência e tortura, Comissão da Verdade, memória política e histórica, propriedade privada e direitos do consumidor, direitos trabalhistas e o movimento dos trabalhadores, infância e adolescência, aborto, tolerância religiosa, gênero, homossexualidade, étnico-racial, meio ambiente. Reflexão pedagógica e didática para o trabalho em sala de aula.

Dias: 13 e 27/set, 11 e 25/out, 08 e 29/nov. – Horário: 09:00 às 12:00h.

Local: LEFIS (E.E.B. Simão José Hess).

Atividades de Pesquisa e Extensão no LASTRO no semestre 2013.2

26/08/2013 19:42

Neste segundo semestre de 2013 estão em funcionamento os seguintes grupos de estudos, pesquisas extensão:

Projeto de Extensão ObLUTAS (Observatório das Lutas e Conflitos Sociais)
Coordenação: Doutorando José Carlos Mendonça
Reuniões todas as quartas feiras das 17 às 21h

GRUPO DE PESQUISA REVOLUCIONÁRIOS: TEORIAS MARXISTAS PARA A REVOLUÇÃO SOCIAL
Coordenação: Dr. Valcionir Corrêa
Reuniões todas as terças feiras das 14 às 18h

GRUPO DE PESQUISA RAÍZES DO GOLPE: MÁRIO PEDROSA E A OPÇÃO IMPERIALISTA
Coordenação: Doutorando José Carlos Mendonça
Reuniões quinzenais às quintas feiras das 9 às 12h

Discurso de abertura da II Conferência Internacional Greves e Conflitos Sociais

15/05/2013 11:12

O MUNDO NÃO VAI MELHORAR SOZINHO

Por Raquel Varela, presidente da Associação Internacional Greves e Conflitos Sociais (2011/2013)

Discurso pronunciado em 15.05.2013 durante a abertura da II Conferência Internacional Greves e Conflitos Sociais realizada na Maison des sciences de l´homme em Dijon, França.

Quero começar por agradecer à Maison des sciences de l´homme, a Serge Wolikow, a todos os que se envolveram na organização desta conferência, a todos os membros da Associação e a todos os presentes. E cumprimentar o reitor da Universidade da Borgonha.
Durante estes 2 anos assumi a presidência de uma associação académica que foi fundada com o propósito de promover e divulgar estudos sobre o trabalho e os conflitos sociais numa perspectiva interdisciplinar, global, não eurocêntrica e de longa duração.
Dois objectivos centrais nortearam o nosso trabalho.
O primeiro foi a ligação académica, e interdisciplinar, entre o norte e o sul do mundo, não numa perspectiva eurocêntrica mas com a real noção de que temos que nos escutar, ler, estudar, debater, mutuamente, para compreendermos a história e a sociedade: sabemos que os 30 gloriosos na Europa foram de sangue e trabalho forçado nas colónias, e só foram possíveis porque a exploração das colónias manteve-se nesse período; percebemos que a escravatura terminou também por ser pouco produtiva para o império britânico, no seu arranque da revolução industrial; prevemos que a abertura do mercado chinês na década de 90 do século XX foi fundamental para fazer cair o real valor dos salários na Europa, nesse período.
Global, mais do que comparativo, é saber que o modo de produção capitalista é um. E que o trabalho também tem que ser analisado à escala global, não só pelas já conhecidas ondas migratórias mas porque a cadeia produtiva é feita à escala global e portanto, no mesmo navio, pode haver motores de alta tecnologia feitos na Holanda, em fábricas limpas por imigrantes marroquinos, motores esses que usam o aço que poderá ter sido feito a partir da recolha de minério na Amazónia, feita com trabalho infantil. Hoje, no Dubai, há operários despedidos dos estaleiros navais de Portugal dos anos 80 que são encarregados de controlar o trabalho de imigrantes filipinos, que nunca conheceram uma comissão de trabalhadores.
Esta associação teve um papel determinante na ligação, e que hoje se pode ver pelo programa desta conferência, entre investigadores dos EUA, da Europa, da América Latina e também da África do Sul. Expandi-la e continuar este trabalho é portanto hoje um dos objectivos, colectivos, com os quais nos devemos comprometer.
O segundo objectivo foi trazer, para além dos estudos do trabalho, do movimento operário, dos partidos e da teoria política, que aqui também estudamos, a noção de conflito social para dentro destes estudos. Porque o trabalho não é uma fotografia quieta, quase estática, como nas belas obras de Lewis Hine, mas um filme complexo de uma relação tensa entre trabalho e capital, como nos Tempos Modernos de Chaplin. Trabalho não é só uma máquina guardada num museu de arqueologia industrial, é uma relação mediada e trespassada pelo conflito, como o que fez nascer a jornada de 8 horas de trabalho no 1 de Maio de 1886, em Chicago. Temos a consciência de que esta divisão entre capital e trabalho continua a ser uma divisão central e que portanto a sua expressão – conflitos sociais, greves, revoluções, movimentos sociais, diversas formas de acções colectiva – deve ser alvo do nosso olhar enquanto cientistas sociais.
Esta não é uma associação de estudos das greves e dos conflitos sociais, apesar do nome, mas é uma associação onde também se estudam greves e conflitos sociais – daí o nome.
Não glorificamos o passado mas não o tememos. Por isso sabemos que a revolução de Santo Domingo no final do século XVIII, a única revolução de escravos bem-sucedida história e que deu origem ao Haiti, foi muito mais longe do que alguma vez os britânicos sonharam, ao apoiarem a revolta contra os franceses, então donos da ilha; sabemos que na China mais de 100 000 greves tiveram lugar há 2 anos obrigando ao aumento até 20% dos salários; temos presente que a crise de 29 teve como desfecho o nazismo mas para se chegar ao nazismo foi preciso derrotar a revolução espanhola, a frente popular em França, a guerra civil austríaca, as sit down strikes nos EUA.
E que o nazismo foi derrotado ao fim de 6 anos, também por causa dos trabalhadores armados, obrigando ao nascimento do estado social, como forma de conter a revolução na Europa, o mesmo estado social hoje ameaçado pelas medidas contra cíclicas. Sabemos também que a greve de Flint nos EUA em 1998 só envolveu 9000 operários mas parou 26 das 29 fábricas da GM nos EUA, no Canadá, México e ameaçou a produção no Brasil, ao todo mais de 120 mil operários ficaram total ou parcialmente parados, porque a cadeia produtiva, nesta caso, de motores, foi parada numa das suas pontas. Lembramos que em 2003, 25 000 estivadores pararam os portos da Califórnia contra a guerra do Iraque, e que no dia 20 de março de 2003 deu-se a maior manifestação de sempre, a mais internacionalista da história da humanidade, contra a invasão do Iraque pelos EUA.
A história é processo, não é uma fatalidade. Somos nós que a fazemos, nas suas tragédias e júbilos, um processo feito de sujeitos sociais e não um delírio teleológico divino. Ela portanto compreende escolhas, de pacto ou conflito, de derrota ou vitória, às vezes de empate, embora saibamos, não duradouro.
No meio da mais intensa crise que se vive na Europa desde provavelmente a II Guerra Mundial, o nosso papel como cientistas sociais não pode ser ignorado, sobretudo o nosso papel social. Independentemente das nossas escolhas pessoais com a vida fora da academia, temos obrigação de desconjuntar os lugares comuns construídos na luta politico-mediática. A Europa não está ameaçada de um conflito que opõe norte a sul, a Alemanha à Grécia. A mudança em curso nas relações laborais no sul da Europa, com tendência à generalização da precarização, é parte de uma mudança geral na Europa, em que a queda do salário do trabalhador grego, por pressão migratória, por deslocalização de empresas, ou pela simples existência de uma superpopulação relativa (massa de desempregados) à escala europeia, representa também a queda do salário do trabalhador alemão e quem sabe o retorno e a perseguição de imigrantes fora do espaço Schengen.
Não sabemos se os trabalhadores europeus resistirão à pressão nacionalista de culpar países inteiros pela crise, não diferenciando classe e sectores sociais dentro de cada país, mas estamos cá também para lembrar que foi a incapacidade de construir uma alternativa internacionalista que levou às tragédias da I e da II Guerra Mundial.
Quase a terminar deixem-me recordar que uma das características desta associação é a sua diversidade disciplinar e teórica. Mais do que um lugar-comum ou de um desejo nunca alcançado, esta associação representa de facto grupos de investigação, arquivos, centros de pesquisa que representam as diversas e mais importantes correntes do movimento operário (social democrata, católica, comunista, anarquista, extrema-esquerda, etc.) e as abordagens teóricas principiais sobre os estudos do trabalho.
Compreenderão que o sucesso destas escolhas da Associação, mede-se, por ora, em três factos de que nos orgulhamos: o primeiro, a edição do jornal académico Workers of the World, de acesso livre online, que hoje tem 120 downloads por dia; a realização destas conferências e a imensa rede que se constrói diariamente com a troca de correspondência, informações, ligações que tecem a história global do trabalho. Passámos de 12 para 34 instituições membros e hoje chegamos a talvez mais de 10 000 investigadores em todo o mundo só através da associação e certamente a muitos mais pela revista académica. Hoje lançámos o nº3 de WW, dedicado justamente à história global do trabalho, editado pelo Christian DeVito. Continuar este trabalho, reforçá-lo, alargá-lo, depende de todos nós.
Convido por isso todos os membros e aqueles que querem trazer a sua instituição para a Associação a estar presentes na Assembleia Geral que decorrerá dia 16 no final da conferência.
Homenageamos neste congresso, e com isto termino, dois vultos das ciências sociais do pensamento social e político. O britânico Eric Hobsbawm e o brasileiro Carlos Nelson Coutinho. Carlos Nelson Coutinho, gramsciano, um dos mais importantes intelectuais brasileiros de seu tempo, Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, construi uma obra à volta desta frase que carregou sempre consigo: “Sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia”. Deste lado do Atlântico, Hobsbwam, conhecido de todos vós, historiador britânico, autor de obras cimeiras sobre a contemporaneidade, deixou-nos com um alerta: “o Mundo não vai melhorar sozinho”.
Desejo-vos uma excelente conferência.

ObLUTAS: novo projeto do LASTRO

29/04/2013 17:17

O semestre 2013.1 marca o início de mais um projeto de extensão concebido e desenvolvido pela equipe do LASTRO.

Trata-se do OBSERVATÓRIO DAS LUTAS E CONFLITOS SOCIAIS (ObLUTAS) que expressa uma sintonia de esforços academicos e científicos inspirados pela Associação Internacional para o Estudo das Greves e dos Conflitos Sociais (AIGCS) entidade à qual o LASTRO é associado desde setembro de 2011.

Nascido multidisciplinar, o projeto ObLUTAS reúne academicos de graduação de oito áreas do conhecimento (Ciências Sociais, Direito, História, Geografia, Cinema, Jornalismo, Serviço Social e Relações Internacionais) e pretende – a partir de estudos do Trabalho, situado em perspectiva interdisciplinar, global, não eurocêntrica e de longa duração – pensar a conflitualidade de um ponto de vista que articule a dimensão local à internacional. Nesse sentido, OBLUTAS objetiva, em uma primeira fase, acompanhar in loco o desenvolvimento das lutas e conflitos sociais no âmbito da Grande Florianópolis e produzir análises e material quantitativo e qualitativo útil para pesquisas com dados que sirvam de impulso para a organização e estruturação de um perfil sociológico das lutas e conflitos ocorridos na região com a formação de séries históricas por áreas (territoriais, por segmento social, categoria profissional, dentre outras). Posteriormente. e na medida de seu desenvolvimento, proceder à ampliação do campo de observação e análise sempre em sintonia com os estudos aglutinados na AIGCS.

Grupos em atividade no LASTRO no semestre 2013.1

05/04/2013 17:25

Neste primeiro semestre de 2013 estão em funcionamento os seguintes grupos de estudos e pesquisas:

GRUPO DE ESTUDOS DO MEMORIAL DOS DIREITOS HUMANOS
Coordenação: Prof. Dr. Fernando Ponte de Souza
Reuniões todas as quintas feiras das 14 às 17h

GRUPO DE PESQUISA REVOLUCIONÁRIOS: TEORIAS MARXISTAS PARA A REVOLUÇÃO SOCIAL
Coordenação: Dr. Valcionir Corrêa
Reuniões todas as segundas feiras das 14 às 17h

GRUPO DE PESQUISA RAÍZES DO GOLPE: MÁRIO PEDROSA E A OPÇÃO IMPERIALISTA
Coordenação: Doutorando José Carlos Mendonça
Reuniões todas as quintas feiras das 9 às 12h

Editoria EM DEBATE convida para seus lançamentos de 2012

19/12/2012 09:07

Estamos lhe convidando para participar dos lançamentos de 2012 da Editoria EM DEBATE da UFSC.
O evento acontecerá no dia 19/12/12 (quarta-feira), às 19:00h, no miniauditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. Recordando que a Editoria EM DEBATE, em dezembro, cumpre seu primeiro ano de existência com o lançamento no total de 15 livros, com o compromisso de poder produzir publicações que em geral não são democratizadas por falta de oportunidades editoriais, tanto em editoras comerciais, quanto em editoras universitárias.
Neste lançamento, serão 8 livros contando com mais uma Edição (n° 7) da Revista Eletrônica EM DEBATE do Laboratório do Sociologia do Trabalho (LASTRO).
Os autores estarão presentes para um dedo de prosa.
Os temas abordados nos livros deixam transparecer o crivo da crítica dos autores que apresentam a contribuição para o conhecimento crítico, necessário no sentido de investigar as especificidades da realidade frente ao sistema capitalista.
O evento traz também a participação, como Galeria Virtual de Imagens, do Coletivo Muralha Rubro-Negra, através do muralismo como ferramenta de propaganda comprometida com a transformação social.
Segue o cartaz de convite abaixo, e solicitamos que seja amplamente divulgado juntos às listas de e-mails, redes sociais e demais movimentos sociais.

Os Editores

LASTRO/CFH/UFSC

Chamada de Trabalhos para autores

10/12/2012 13:48

O Comitê Editorial da Revista Eletrônica EM DEBATE reitera que a revista aceita em fluxo contínuo submissões de artigos, resenhas, traduções e entrevistas enquadradas nas dez linhas temáticas da revista:
1) Mundialização e blocos regionais (ex.: Mercosul, União Européia);
2) Trabalho e ontologia social;
3) Trabalho, urbanização e história social;
4) Processo de trabalho, tempo digital, tempo livre;
5) Movimento sindical e movimentos autonomistas;
6) Capitalismo, técnica e reestruturação produtiva, emprego e desemprego, crise;
7) Memória histórica, ditaduras e direitos humanos;
8) Ensino de Sociologia;
9) Ensino superior e universidade pública;
10) Pensamento e Teoria Social.

Os trabalhos apresentados devem ser inéditos, redigidos em lingua portuguesa ou espanhola.

As diretrizes completas para autores estão disponíveis em:
http://periodicos.ufsc.br/index.php/emdebate/about/submissions#onlineSubmissions

Instruções de submissão na plataforma SEER podem ser acessadas através do link
http://seer.ibict.br/images/stories/file/tutoriais/tutorial_de_submissao_de_artigos.pdf

Os Editores.

EM DEBATE número 7 já está disponível

22/11/2012 14:56

Após a participação unânime do coletivo de editores no movimento grevista das universidades e institutos federais de ensino…

“A publicação do número 7 da Em Debate […], neste segundo semestre de 2012 (…) [traz] o Dossiê: Imperialismo e expansão capitalista em economias emergentes: luta de classes e a análise histórico-sociológica contemporânea. A inquietação que nos levou a propor uma chamada com um tema tão polêmico, cuja discussão se dá em solo bastante acidentado, tem sua origem em alguns fatos. Antes de tudo, a observação das mudanças no cenário político-econômico internacional, com o surgimento dos chamados BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, entre outros em situação análoga). Estes países, outrora chamados de “países em desenvolvimento”, com suas empresas estatais e privadas em pleno processo de transnacionalização, estão alterando o jogo econômico do capitalismo internacional na medida em que “conquistam novos mercados”. Essa realidade coloca novos (talvez antigos) desafios para aqueles que procuram construir uma alternativa anticapitalista, coerente com o atual nível de desenvolvimento do capital.

Torna-se, desta forma, inevitável encarar alguns problemas de ordem teórica, com seus respectivos desdobramentos em termos de projeto político, e suas táticas e estratégias de organização e enfrentamento. Neste campo, talvez o maior desafio para a esquerda que atua no contexto destes países é o confronto com a Teoria da Dependência. Permeando grandes áreas do conhecimento como a Economia Política e a Sociologia, marcando a obra de importantes militantes e intelectuais, conceitos de “dependência”, “subimperialismo”, o binômio “desenvolvimento/subdesenvolvimento”, as relações entre “centro” e “periferia” e a ambígua noção de “projeto nacional” estão na ordem do dia. […]

Além disso, esta edição da Em Debate conta também com outros três artigos recebidos em fluxo contínuo, dentro de nossos eixos temáticos. Evidencia-se o grande acúmulo de trabalho que envolveu autores, avaliadores, editores e bolsistas, mas não em vão. Portanto, a nossa gratidão e reconhecimento àqueles que colaboraram para a realização deste número. […]

Prof. Iraldo Matias

Editor-Secretário da Em Debate.

O novo número pode ser acessado em http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/emdebate
Confira abaixo o sumário da revista, navegue pelos artigos e itens de interesse, e ajude-nos na divulgação da revista em suas redes de contatos.
Para o próximo número o prazo para a submissão de novos trabalhos encontra-se aberto em fluxo contínuo.

n. 7 (2012): 1º semestre 2012

Sumário

Editorial

Apresentação
Iraldo Matias     1-3

Dossiê (artigos e resenhas)

Emergindo de onde e para onde? “Países emergentes” e a possibilidade de configuração de uma nova ordem mundial  
Ana Saggioro Garcia     4-27

Um debate sobre o Estado logístico, subimperialismo e imperialismo brasileiro
Caio Bugiato, Tatiana Berringer     28-44

Expansão capitalista e transnacionalização do capital: o poder global das corporações empresariais e a especificidade do caso brasileiro recente
Michelangelo Marques Torres     45-62

O Brasil e o capital-imperialismo, de Virgínia Fontes: breve comentário político
Iraldo Matias     63-69

Uma crítica seminal ao keynesianismo
José Carlos Mendonça     70-75

Paul Mattick Jr. desvenda o lado escuro da crise
Ricardo Bez Claumann     76-81

Artigos

La organización de las mariscadoras como agentes de transformación social
Begona Marugan Pintos     82-106

Violências, controle social/formação policial e Estados Latino-Americanos: relações e desafios
Eduardo Nunes Jacondino     107-125

A recepção da Teoria Crítica no Brasil: 1968-1978
Sílvio César Camargo     126-149

Lançado blog para divulgar a produção teórica marxista no Brasil

29/08/2012 18:21

Lançado no dia 15 de agosto por docentes e pesquisadores de diversas instituições o blog marxismo21 que objetiva divulgar a produção intelectual marxista brasileira a um público acadêmico e não-universitário (estudantes e professores do ensino médio, profissionais liberais, jornalistas, blogueiros etc.). Artigos em revistas especializadas e de estudos marxistas, teses e dissertações acadêmicas etc. – em torno da teoria marxista e dos marxismos – passam, agora, a ser disponibilizados àqueles que utilizam a web como um  instrumento de pesquisa e formação teórica e crítica.

Para conhecer marxismo21 ACESSE AQUI

Conheça também a proposta editorial de marxismo21 ACESSE AQUI

Docentes contra Zumbis

12/06/2012 10:26

GREVE DOCENTE DE 2012 É UM VIGOROSO MOVIMENTO CONTRA O SINDICALISMO DE ESTADO

NA VIDA UNIVERSITÁRIA

Por Roberto Leher (UFRJ) e Marcelo Badaró Mattos (UFF)

          Um espectro daninho ronda o sindicalismo brasileiro há mais de oitenta anos: o sindicato de Estado. Um morto, como veremos, muito vivo! Em todos os países que viverem ditaduras fascistas ou aparentadas ao fascismo e que adotaram modelos sindicais corporativistas (de sindicalismo vertical, sindicato único, umbilicalmente ligado e controlado pelo Estado), o sindicalismo de Estado foi superado nos processos de redemocratização. No Brasil, pelo contrário, esse zumbi sobreviveu a dois processos de redemocratização, distantes 40 anos no século XX. A razão fundamental para a manutenção da estrutura do sindicato oficial está em sua funcionalidade para a classe dominante brasileira.Não é pouco significativo  o fato – inerente a sua lógica de funcionamento – de que tal estrutura se sustenta e é sustentada por uma casta de dirigentes sindicais burocratizados, que fazem do sindicalismo meio de vida e atuam, antes de mais nada, para manterem-se à frente do aparato objetivando o usufruto do poder e das vantagens materiais que ele oferece.

Entre fins dos anos 1970 e meados dos anos 1980 ocorreu um forte impulso pela autonomia sindical. As oposições sindicais e os trabalhadores que empreenderam lutas realizaram uma dura crítica à estrutura do sindicalismo de Estado. Esta fase de retomada das mobilizações da classe trabalhadora brasileira na luta contra a ditadura militar ficou conhecida como “novo sindicalismo”. Como outras categorias, especialmente do funcionalismo público, os docentes universitários fundaram sua organização de caráter sindical – ANDES (depois da Constituição de 1988, ANDES-SN) – naquele contexto, e mantiveram com muita ênfase seu compromisso com um modelo sindical autônomo, combativo e classista, mesmo quando (a partir dos anos 1990) o “novo sindicalismo” viveu um nítido refluxo.

Entretanto, o peleguismo do sindicalismo oficial, um verdadeiro gato de sete vidas, se imiscuiu entre os docentes de ensino superior a partir dos anos 2000, como sempre puxado pela mão do Estado paternal sempre disposto a tutelar os trabalhadores considerados um contingente “sempre criança” . O espectro ganhou um nome, que alguns por superstição, outros por aversão, se recusam a pronunciar, mas que, como todo fantasma de verdade (sic) não desaparecerá simplesmente se fecharmos os olhos fingindo que ele não existe. Tratamos do PROIFES.

Algo muito interessante, no entanto, está acontecendo em meio à greve de inéditas proporções que está em curso nas Instituições Federais de Ensino Superior. Professores de todo o país, particularmente naquelas Universidades em que o sindicalismo docente foi envolvido na rede do peleguismo oficialista, demonstram, inapelavelmente, a falta de legitimidade da entidade fantasma.

O sindicato para-oficial entre os docentes

As extraordinárias assembleias gerais dos professores de universidades e institutos tecnológicos neste momento dirigidos por setores vinculados à entidade para-governamental, reunindo, como na UFG, a maior quantidade de professores em uma AG da categoria, revelam que os docentes das universidades brasileiras não estão passivos e dóceis diante da vergonhosa tentativa de tutela governamental sobre a livre organização dos trabalhadores docentes. Longe de ser um fato isolado, o mesmo esta acontecendo nas universidades federais do Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e em campi da UFSCAR e em IFETs.

Esses acontecimentos dizem respeito, em primeiro lugar, a compreensão dos professores de que a sua representação política tem de ser autônoma em relação ao governo e ao Estado e que a estreita simbiose entre a organização dita sindical para-oficial e o governo é deletéria para a carreira, os salários e as condições de trabalho na universidade. Mas a afirmação da independência política dos docentes nas referidas assembleias tem uma importância acadêmica, pois é uma condição para a autonomia universitária. Não pode haver autonomia da universidade se o governo controla ate mesmo a representação política dos docentes. É possível dizer, portanto, que a afirmação da autonomia dos professores é um gesto crucial para a história da universidade pública brasileira!

A história da entidade fantasma nas Universidades é recente, mas ilustra muito bem como funciona o sindicalismo de Estado no Brasil. Após sucessivas derrotas nas eleições para o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), parcela da chapa derrotada foi alçada pelo então ministro da educação Tarso Genro à condição de representante dos docentes das IFES e, desde então, obteve lugar cativo na assessoria do governo, notadamente no MPOG e no MEC.

O sindicalismo de Estado que fincou raízes entre nós tem origem no período varguista. A investidura sindical, uma carta de reconhecimento do sindicato pelo ministério do trabalho que confere legalidade a suas prerrogativas de negociação e representação, acrescida do imposto sindical compulsório e da unicidade sindical, criaram as condições para a sua institucionalização no Brasil, conformando o sindicato oficialista. De inspiração fascista, objetiva assegurar a tutela governamental sobre os trabalhadores, valendo-se de prepostos, os pelegos que, nutridos por benesses e prebendas governamentais, servem de caixa de ressonância para as razões dos donos do poder.

As bases jurídicas para tal estrutura sindical não foram suprimidas, antes disso, são revitalizadas pelas grandes centrais oficialistas que, a despeito de algumas críticas retóricas ao imposto sindical, caso da CUT, se movimentam de modo feroz para provocar desmembramentos de categorias (um requisito em virtude da unicidade e da presunção do apoio governamental) para obter maior fatia dos R$ 2,5 bilhões (total do imposto sindical em 2011) distribuídos entre as 6 centrais sindicais e o MTE.

O oficialismo também é nutrido pelos generosos dutos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, fundo que arrecadou R$ 50 bilhões em 2011 e que, desde 1990, vêm repassando centenas de milhões para as centrais oficialistas ofertarem cursos de qualificação profissional que, a rigor, podem estruturar uma poderosa máquina política representando, em ultima instância, os tentáculos dos patrões e dos seus governos nas organizações supostamente dos trabalhadores.

O processo de cooptação e subordinação do sindicalismo de Estado se completa com a participação dos sindicatos oficialistas nos fundos de pensão, que movimentam bilhões de reais e, para seguirem existindo, precisam valorizar as suas ações adquiridas nas bolsas de valores em nome da capitalização da aposentadoria dos cotistas. Entre as principais formas de valorização das ações, os gestores dos fundos incentivam privatizações, fusões e, o que pode ser considerado o núcleo sólido, as reestruturações  das empresas, por meio de demissões, terceirizações e generalização da precarização do trabalho. Em suma, a valorização do portfólio de ações requer que o fundo dito dos trabalhadores se volte contra os direitos dos demais trabalhadores!

É indubitável que os setores dominantes podem contar com trincheiras defendidas de modo incondicional pelos referidos gestores dos fundos e pela burocracia sindical alimentada pelo imposto sindical, pelo FAT e, no caso das entidades menores, até mesmo por contratos de prestação de serviços de assessoria ao governo financiados pelo próprio governo!

Diploma do ministério e mão do Estado X Legitimidade

É irônico observar que com Lula da Silva – o sindicalista que se destacou entre 1978 e 1980 pelas críticas duras à estrutura sindical oficial – na presidência da República, o sindicalismo de Estado ganhou novo fôlego. Foi justamente em seu governo que as centrais sindicais, que em sua origem, nos anos 1980, nasceram a contrapelo da estrutura, foram incorporadas ao sindicalismo vertical, ocupando o topo daquela mesma estrutura montada pelo regime de Vargas nos anos 1930 e reformada pelo governo do ex-sindicalista nos anos 2000. E seus dirigentes passaram a ocupar postos centrais na estrutura do governo, particularmente na área do trabalho e gestão do funcionalismo.

Considerando os objetivos dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff de empreenderem uma profunda reforma sindical e trabalhista, a retomada do protagonismo dos professores nas universidades em que as seções sindicais estão aparelhadas pela entidade para-oficial é um grande acontecimento para a organização autônoma dos trabalhadores. Isso porque, por sua fidelidade aos princípios que nortearam o impulso original do “novo sindicalismo”, o ANDES-SN sempre constituiu um contraexemplo muito incômodo para o peleguismo dominante.

É impossível prever o desfecho da greve dos docentes de 2012 na altura em que redigimos este texto. No entanto, uma conquista já está assegurada. Ao votarem pela adesão ao movimento nas instituições cujas entidades foram aprisionadas pelo sindicato de carimbo, os docentes reconhecem a legitimidade do ANDES-SN e de sua busca constante por um sindicalismo autônomo e combativo. Diante da força da greve não há recurso ao ministério do trabalho, assessoria ao ministério da educação, “mãozinha” do ministério do planejamento, ou apadrinhamento da CUT que possam injetar vida nesse filhote tardio do morto-vivo sindicato de Estado brasileiro. É difícil dizer se ao fim do processo assistiremos ao enterro definitivo da entidade fantasma pois, no quadro do sindicalismo brasileiro, como nos filmes de terror, os zumbis sempre retornam. Mas é certo que a greve desnudou esse espectro que anda pelos gabinetes de Brasília a falar em nome dos docentes. E o que se vê por baixo da capa artificial de legalidade que o Estado tenta lhe vestir é o putrefato cadáver do peleguismo. Morte rápida à entidade zumbi!

Rio de Janeiro, 11 de junho, 2012.